E.SPELHO

Um constante vai e vem que beira a vertigem, até o ponto onde percebemos que, de fato, o que nos encara é se não nós mesmos. Como que em um exercício quântico de reconhecer a realidade, nos reconhecemos. O que há aqui somos nós, e o que nos circunda é o reflexo do que somos.

A imagem se torna forma e traz ao espaço expositivo uma manifestação física do que somos nos espelhos. E.SPELHO nos conduz a uma dança onde ideias científicas e subjetivas se encontram e são manifestadas pela arte. A transição entre os estados da visualização para a imagem e então ao objeto se confirma enquanto o norte pelo qual a artista transita, trazendo à fisicalidade o modo como refletimos e somos refletidos. A realidade a nossa volta é então o reflexo de quem nós somos, e é nossa a responsabilidade sobre o modo como percebemos o mundo.

Fragmentos, reflexos, projeções, reproduções: E.SPELHO nos convida a um mergulho não apenas na matéria do vidro manipulado, mas em uma subjetividade única, partindo dos modos como as lentes pelas quais enxergamos a vida tem o imenso poder de transformar a realidade, positiva ou negativamente. Em um movimento entre interior e exterior, os lugares dos nossos sentimentos e pensamentos são colocados a prova, na constatação do poder e das responsabilidades que possuímos na construção de nossas realidades.

Curadoria: Kura, por Camila Yunes